Hoje em dia é muito comum ler e ver o termo “DIY” que em português, significa “faça você mesmo” e se refere a atividades em geral sem uma mão profissional.
Trazendo para o campo da gravação musical em estúdio, se procurarmos na história, muitos dos primeiros estúdios independentes começaram em espaços improvisados e sem um tratamento acústico adequado, em porões de igrejas, em antigas oficinas, por exemplo, o lendário Estúdio da Sun Records de Memphis que dispensa maiores apresentações, era uma oficina de radiadores e nesse caso foi preparado acusticamente, dentro dos padrões da época, e criou um som único, ainda em atividade e imitado e copiado até hoje.
A história dos estúdios independentes que marcaram principalmente as décadas de 40, 50 e 60, foram uma grande fonte de inspiração para mim, além do mais, desde criança fui fascinado pelo fantástico mundo da gravação. Com 3 anos de idade, meu pai, José Ferreira, brincava de locutor comigo, fazendo gravações em um Rádio Gravador Sanyo M2420, do final dos anos 70.
Nosso gravador durou até início dos anos 90, quando fiz minhas primeiras gravações com voz e violão, tocando Elvis Presley e outros rocks dos anos 50.
Muito do que sempre me chamou a atenção, é, como as gravações dos pequenos estúdios das supracitadas eras, soam tão peculiares e “quentes”, especialmente os rocks.
Em meio a um garimpo de discos de vinil por volta de 2005, descobri uma das mais fantásticas gravações, ao adquirir em meio a um lote de LPs, o disco “Rock All Night”, que até então numa primeira vista pensei ser apenas uma mera coletânea de rock dos anos 50. Além de ser na verdade, a trilha sonora de um dos mais icônicos filmes “B”, de 1957, era a edição brasileira lançada pela lendária selo/estúdio/fábrica pernambucana, a Mocambo/Rozenblit. Que raridade!
A trilha foi lançada pela Mercury na América do Norte, produzida por Buck Ram, produtor e empresário de The Platters e de nomes como, The Drifters, The Flares, The Cadillacs, Ike and Tina Turner e inclusive The Blockbusters, eles estão na trilha sonora e supostamente aparecem no filme, foram lançados em singles pelo selo de Buck Ram, Antler Records.
Algumas raras informações sobre as gravações e sobre quem realmente são “Os Blockbusters”, podem ser conferidas no blog: wobblewig.blogspot.com
Fatos interessantes sobre essa banda, são citados no blog, por exemplo, quem gravou o vocal e a bateria em “Rock & Roll Guitar, Part 1” e “Rock & Roll Guitar, Part 2” foi Bill Peck (nesse caso tocou em uma tampa metálica de lata de lixo), que foi baterista em gravações de Benny Joy, Andy Starr, Gene Watson, Mac Curtis, Lew Williams, Sid King e Werly Fairburn. “Ele apareceu em todas essas fantásticas gravações de rockabilly.”
Já a gravação de guitarra ficou por conta de Paul Buskirk e o Piano, Mike Savas.
Bill Peck lembra que a gravação foi feita no estúdio era antes uma igreja abandonada com um auditório abaixo, Commercial Recording Corp. Studio de Dallas. Também segundo ele, não conhecia a banda que aparece no filme como sendo The Blockbusters.
Outro exemplo interessante, é a gravação do grande clássico do Doo-Wop, ‘In the Still of the Night’, que o grupo The Five Satins gravou no porão da Igreja de Santa Bernadette, em New Haven, CT em 1956.
Os Five Satins não esperavam que “In the Still of the Night” decolasse e, alcançou ao 3º lugar nas paradas de R&B e o 24º nas paradas pop. A canção composta por Fred Parris, lançada pela Standord chegaria às paradas três vezes diferentes no Hot 100 da Billboard, em 1956, 1960 e 1961.
Certamente existem inúmeros exemplos de gravações feitas com poucos recursos e que se tornaram clássicos atemporais da música no mundo todo, que caberiam em várias páginas e postagens, por enquanto é só, pessoal!
Espero que gostem, comentem e compartilhem.
Escute/Listen to Joanatan Richard’s music: http://jrichard.com.br/discography/
Joanatan Richard
Achei arretado o artigo e fiquei fascinado com as coisas que não sabia. Gosto dessas peculiaridades. Afinal, toda construção ( humilde que seja) tem uma história por trás. Muito obrigado!